“Porque o reino do poeta... bem, não me venha dizer que não é deste mundo. Este e o outro mundo, o poeta não os delimita: unifica-os. O reino do poeta é uma espécie de Reino Unido do Céu e da Terra.”

Mario Quintana

sábado, 30 de julho de 2011

Mario Quintana: um poeta modernista


Se estivesse vivo, o poeta modernista Mario Quintana completaria neste sábado 105 anos. Nascido em 30 de julho de 1906 em Alegrete, no Rio Grande do Sul, quando jovem trabalhou no jornal O Estado do Rio Grande. Nessa época, Mario Quintana já escrevia poesias.
Fez parte da Revolução de 30, quando se mudou para o Rio de Janeiro. Depois voltou para Porto Alegre e trabalhou como tradutor da Editora Globo, dirigido por Érico Veríssimo. Mais tarde, o poeta trabalhou no jornal Correio do Povo, onde ficou até 1985.
Mario Quintana escrevia com simplicidade e uma dose de humor sutil. Utilizava a linguagem coloquial e cotidiana.  Em 1940, publicou seu primeiro livro – A rua dos cata-ventos. Em seguida lançou Canções, Sapato florido, Espelho mágico O aprendiz de feiticeiro. Mais tarde, foram publicados Poesias – uma compilação de seus primeiros livros – e Antologia Poética.
Outros livros do autor são: Pé de pilão, Apontamentos da história sobrenatural, A vaca e o hipogrifo, Esconderijos do tempo, Nova antologia poética, Batalhão das letras, Sapo amarelo, Baú de espantos, 80 anos de poesia, Porta giratória Velório sem defunto.

Modernismo
O modernismo, no qual Mario Quintana se inseriu, foi um movimento nas artes e nas letras brasileiras para romper com as tradições acadêmicas. O objetivo era atualizar as artes e as letras no Brasil quanto ao que havia de vanguardismo na Europa e encontrar uma linguagem nacional.
Na Europa, estava havendo uma revolução estética. Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Ronald de Carvalho e Graça Aranha, que mais tarde fariam parte da Semana de Arte Moderna, estiveram no velho continente e lá conheceram os movimentos vanguardistas. Voltaram convencidos de que o Brasil precisava de uma revolução estética.
O marco inicial do modernismo foi a Semana de Arte Moderna de 1922, que reuniu artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro para divulgar a arte moderna. A Semana foi organizada por Oswald de Andrade e Mário de Andrade, trazendo para o Brasil tendências que já haviam aparecido na Europa no final do séc. XIX. Tratava-se da modernização da arte brasileira. Os modernistas iam contra o parnasianismo, um tipo de poesia formal em alta na época. Para eles, os avanços científicos e tecnológicos do país exigiam um novo posicionamento literário, que abordasse temas contemporâneos e dinâmicos.

Primeira fase do Modernismo
A primeira fase do Modernismo foi de 1922 a 1930. Oswald de Andrade e Mário de Andrade pertenciam à primeira fase do modernismo e queriam reconstruir a cultura brasileira sobre bases nacionais e promover uma visão crítica do passado histórico e das tradições culturais do país, acabando com o complexo de colonizados que existia no Brasil. Eles defendiam uma visão nacionalista e crítica da realidade brasileira. Na apresentação de obras na Semana, mostraram inspirações nos movimentos de vanguarda da Europa, como o dadaísmo, o futurismo, o expressionismo e o surrealismo.
Este primeiro momento do Modernismo era vanguardista, combativo e revolucionário. Nele, foram publicados Memórias sentimentais de João Miramar Pau-Brasil, de Oswald de Andrade; A escrava que não é Isaura Macunaíma, de Mário de Andrade; O ritmo dissoluto, de Manuel Bandeira, entre outros.

Segunda fase do Modernismo
A segunda fase do Modernismo, que foi de 1930 a 1945 e à qual Mario Quintana pertenceu, tem uma literatura menos desafiadora das regras, mas é tão amante da liberdade quanto a primeira fase modernista. Entre suas características estão a manutenção das conquistas da primeira fase, o retorno ao passado, o questionamento do “eu” e a consciência da sua fragilidade, o aprofundamento das relações do “eu” com o mundo, a retomada da análise psicológica, o regionalismo crítico, o romance social nordestino, o equilíbrio formal e temático e o romance de denúncia política e social. Há destaque para a prosa de ficção. O romance se destaca como análise crítica da realidade.
Na prosa, surge o interesse por temas nacionais, com uma linguagem mais brasileira. Os romances se voltam para o regionalismo, principalmente o nordestino, onde havia problemas como a seca, a migração e a miséria. O romance urbano e psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista também surgiram durante o movimento.
Nesta segunda fase, ocorre o amadurecimento da poesia. Há o questionamento da existência humana e do sentimento de “estar no mundo”. Os autores também abordam as inquietações sociais, religiosas, filosóficas e amorosas.
Além de Mario Quintana, destacaram-se na poesia do modernismo literário brasileiro desta segunda fase Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima e Murilo Mendes. Na prosa, são reconhecidos Jorge Amado, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Rachel de Queiroz.

Fonte: Site Vestibular

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